Ministra Cármen Lúcia autoriza abertura de inquérito contra o ministro da Educação
Ela atendeu pedido da PGR para investigar Milton
Ribeiro por tráfico de influência, corrupção passiva, prevaricação e advocacia
administrativa.
Atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a instauração de Inquérito (INQ 4896) contra o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para apurar denúncias de tráfico de influência, advocacia administrativa, prevaricação e corrupção passiva na liberação de verbas oficiais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Ministério da Educação (MEC).
A ministra também remeteu à PGR três notícias-crime apresentadas por
parlamentares pedindo a investigação do presidente da República, Jair
Bolsonaro, no caso. Segundo as denúncias, Ribeiro teria dito que a liberação de
recursos para os municípios indicados pelo pastor Gilmar Santos ocorreria “a
pedido do presidente da República”. Ela esclareceu que eventuais diligências ou
apurações preliminares deverão ocorrer no âmbito das petições instauradas no
STF, "garantindo-se o controle jurisdicional a ser exercido pelo Poder
Judiciário nos termos da Constituição e das leis da República". O órgão
deve se manifestar no prazo de 15 dias.
"Gabinete paralelo"
No pedido de abertura de inquérito, a PGR relata que haveria um
“gabinete paralelo” em que Santos e Arilton Moura, também pastor, negociavam
pedidos para a liberação de recursos. Em um dos casos, o prefeito de Luís
Domingues (MA) afirmou que, após ser recebido pelo ministro da Educação, se
encontrou com Santos, que teria cobrado “uma soma em dinheiro” para protocolar
no MEC seus pedidos e que, após a liberação dos recursos, deveria pagar-lhe “um
quilo de ouro”.
Fatos gravíssimos
Ao autorizar a abertura do inquérito, a ministra destacou a gravidade do
quadro descrito pela PGR, que deve ser objeto de investigação “imediata,
aprofundada e elucidativa” sobre os fatos e suas consequências, incluídas as
penais. “Nos autos se dá notícia de fatos gravíssimos e agressivos à cidadania
e à integridade das instituições republicanas que parecem configurar práticas
delituosas”, afirmou.
A ministra também deferiu os pedidos da PGR para que a Polícia Federal
ouça o ministro da Educação, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e os
prefeitos de Guarani D'Oeste (SP), Israelândia (GO), Jaupaci (GO), Rosário (MA)
e Jandira (SP), e para que o MEC e a Controladoria-Geral da União (CGU)
esclareçam, em no máximo 15 dias, o cronograma de liberação de verbas do FND e
os critérios adotados.
Leia a íntegra da decisão.
PR/AD//CF
Foto: Agência Brasil
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