ADI questiona competência da Justiça Militar para julgar integrantes das Forças Armadas no caso da morte de civis
26/02/2018 18h05
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) ajuizou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5901, no Supremo Tribunal Federal (STF), para
questionar dispositivos do Código Penal Militar, inseridos pela Lei
13.491/2017, que preveem hipóteses de competência da Justiça Militar para
julgar crimes dolosos contra a vida cometidos por militares das Forças Armadas
contra civis.
A lei afasta a competência do Tribunal do Júri se o crime for praticado
no cumprimento de atribuições estabelecidas pelo presidente da República ou
pelo ministro da Defesa; em ação que envolva a segurança de instituição militar
ou de missão militar, mesmo que não beligerante; e durante atividade de
natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem (GLO) ou de
atribuição subsidiária.
Para o PSOL, o artigo 9ª, parágrafo 2º, do Código Penal Militar,
inserido pela Lei 13.491/2017, deixa de preservar a autoridade do Tribunal do
Júri, fere o princípio da igualdade perante a lei (privilégio de uma categoria
ou segmento social em detrimento da coletividade) e relativiza o devido
processo legal. O partido afirma que a ação se baseia também em normas
internacionais de direitos humanos.
“A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso XXXVIII,
reconhece a instituição do Júri como garantia fundamental, assegurando-lhe ‘a
competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida’ alínea ‘d’).
Tratando-se, portanto, de competência constitucionalmente estabelecida, apenas
o próprio texto constitucional pode excepcioná-la. Jamais uma norma
infraconstitucional”, afirma o PSOL.
Na ADI, a legenda afirma que o texto constitucional não dá margem para
outra interpretação ao determinar, sem qualquer exceção, que “a competência
para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida” é do Tribunal do Júri.
“Dessa forma, a Lei 13.491/2017 é inconstitucional quando modifica o parágrafo
2º e incisos do artigo 9º do Decreto-Lei 1.001/1969 [Código Penal Militar]
determinando que os crimes dolosos contra a vida e cometidos por militares das
Forças Armadas contra civil serão da competência da Justiça Militar da União”,
ressalta o partido.
O PSOL pede liminar para suspender a eficácia da alteração legal até que
o mérito da ADI seja julgado pelo Plenário do STF.
VP/AD
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=370651
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