RESPONSABILIDADE TÉCNICA - Parte não paga multa por litigância de má-fé se erro for do advogado, diz TRT-4
2 de janeiro de 2018, 11h22
A parte reclamante não pode arcar com multa por litigância de má-fé se o
que motivou a penalidade foram equívocos cometidos na petição inicial,
cuja responsabilidade técnica não é dele, mas do advogado.
Por isso, a 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS)
aceitou recurso para excluir a multa prevista no artigo 81 do novo Código de
Processo Civil, fixada em 2% do valor atribuído à causa, em ação
reclamatória que tramita na 2ª Vara do Trabalho de Canoas.
A juíza do Trabalho Simone Oliveira Paese apurou que o reclamante
litigou de má-fé ao pleitear a rescisão indireta do contrato de trabalho
com base nos atrasos de salários e na falta de recolhimento
do FGTS, o que não era verdade. É que, mesmo após a análise
da documentação, quando a reclamada provou estar em dia com
tais obrigações, o reclamante continuou sustentando que houve reiterados
atrasos no pagamento e na falta de depósitos do FGTS. Esse comportamento, a seu
ver, revela falta de lealdade processual, por isso a aplicação da multa
por litigância de má-fé.
Inconformado com a sentença, que deu procedência parcial aos pedidos da
petição inicial, o reclamante recorreu ao TRT-4, buscando a reforma da decisão
quanto à litigância de má-fé. Afirmou que os erros contidos na petição foram
fruto de equívoco na entrevista com o advogado. Entretanto, destacou, isso não
demonstra que foram extrapolados os limites do regular exercício do direito de
ação. Logo, não se poderia falar em dolo, como exige a sanção por litigância de
má-fé.
Responsabilidade do advogado
A relatora do recurso ordinário na corte, desembargadora Brígida Barcelos Toschi, concordou que certos pedidos embutidos na inicial não tinham razão de existir. A seu ver, mesmo que o procurador argumente que os pedidos foram parar na peça por puro equívoco, tinha a obrigação de zelar pelo documento que expede. Afinal, o que ali está escrito espelha a manifestação do autor da reclamatória — o trabalhador.
A relatora do recurso ordinário na corte, desembargadora Brígida Barcelos Toschi, concordou que certos pedidos embutidos na inicial não tinham razão de existir. A seu ver, mesmo que o procurador argumente que os pedidos foram parar na peça por puro equívoco, tinha a obrigação de zelar pelo documento que expede. Afinal, o que ali está escrito espelha a manifestação do autor da reclamatória — o trabalhador.
‘‘Entretanto, não pode o julgador deixar de observar que a petição
inicial é ato praticado pelo advogado, e não pela parte. Assim, entendo que,
por medida de Justiça, não cabe a aplicação de multa a ser abatida das verbas
trabalhistas do reclamante, sim a adoção da providência prevista no § 6º do
art. 77 do Novo CPC’’, anotou no acórdão.
O dispositivo diz, em síntese, que cabe ao órgão de classe apurar
eventual responsabilidade dos membros da advocacia, Defensoria ou do Ministério
Público. Assim, além de excluir a aplicação da multa, mandou oficiar a
seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil para apurar o caso.
Jomar Martins é correspondente da
revista Consultor Jurídico no Rio Grande do Sul.
Revista Consultor Jurídico,
2 de janeiro de 2018, 11h22
https://www.conjur.com.br/2018-jan-02/parte-nao-paga-multa-litigancia-ma-fe-erro-advogado
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