Treinadores de futebol não precisam ser diplomados em educação física
A Segunda Turma do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou recurso especial do Conselho
Regional de Educação Física de São Paulo que buscava incluir a profissão de
treinador de futebol entre as atividades privativas dos profissionais de educação
física. Por unanimidade, o colegiado entendeu que não há previsão legal para a
restrição de acesso às funções de treinamento futebolístico apenas a
profissionais diplomados, nem mesmo na Lei 8.650/93, que regulamenta as atividades dos técnicos.
O recurso julgado
pela turma teve origem em ação proposta pelo Sindicato dos Treinadores
Profissionais de Futebol de São Paulo, que tentava impedir que as atividades
dos técnicos fossem fiscalizadas pelo Conselho Regional de Educação Física.
Segundo o sindicato, o conselho exigia indevidamente a inscrição dos
treinadores para exercício regular da profissão.
O pedido foi
julgado procedente em primeira instância, com a decretação de inexistência de
relação jurídica entre treinadores filiados ao sindicato e o conselho. A
sentença foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Prioridade, não
proibição
Por meio de recurso
especial, o Conselho de Educação Física de São Paulo alegou que a Lei 9.696/98,
que tem a mesma hierarquia da Lei 8.650/93, estabelece como atividade típica
dos profissionais de educação física a realização de treinamentos
especializados nas áreas desportivas. Para o conselho, as leis não são
conflitantes, mas a regulamentação da profissão de treinador deveria seguir a
legislação mais recente.
O ministro relator,
Herman Benjamin, lembrou julgamentos do STJ que estabeleceram anteriormente que
a expressão “preferencialmente”, constante do artigo 3º da Lei 8.650/93, apenas confere prioridade
aos diplomados em educação física para o exercício da atividade. Dessa forma, a
profissão não está proibida aos não diplomados.
“O STJ possui jurisprudência firme e
consolidada no sentido de que os artigos 2º, III, e 3º da Lei 9.696/98 e 3º, I,
da Lei 8.650/93 não trazem nenhum comando normativo que determine a inscrição
de treinadores/técnicos de futebol nos Conselhos Regionais de Educação Física”,
concluiu o ministro ao negar o recurso.
Esta notícia refere-se ao(s) processo(s):REsp 1650759
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