STF decidirá se proibição de jogos de azar prevista em legislação de 1941 é compatível com a Constituição
O Supremo Tribunal
Federal (STF) julgará se a definição como infração penal da exploração de jogos
de azar, constante da Lei das Contravenções Penais (1941), choca-se com
preceitos da Constituição de 1988. Por deliberação do Plenário Virtual, os
ministros reconheceram a repercussão geral do tema. O caso concreto a ser
examinado é o Recurso Extraordinário (RE) 966177, em que o Ministério Público
do Rio Grande do Sul questiona acórdão da Turma Recursal dos Juizados Especiais
Criminais no estado que considerou atípica a conduta de exploração de jogo de
azar, desconsiderando a prática uma contravenção penal sob o argumento de que
os fundamentos que embasaram a proibição não se coadunam com os princípios
constitucionais vigentes.
Relator do recurso,
o ministro Luiz Fux afirmou que a questão é controvertida e envolve matéria
constitucional relevante do ponto de vista econômico, político, social e
jurídico, ultrapassando os interesses subjetivos da causa, por isso merece
reflexão do STF. “A questão posta à apreciação deste Supremo Tribunal Federal é
eminentemente constitucional, uma vez que o tribunal a quo afastou
a tipicidade do jogo de azar lastreado em preceitos constitucionais relativos à
livre iniciativa e às liberdades fundamentais, previstos nos artigos 1º, inciso
IV; 5º, inciso XLI; e 170 da Constituição Federal”, afirmou. O ministro
ressaltou que todas as Turmas Recursais Criminais do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul têm entendido no mesmo sentido, fazendo com que no
Rio Grande do Sul a prática do jogo de azar não seja mais considerada
contravenção penal. “Assim, entendo por incontestável a relevância do tema a
exigir o reconhecimento de sua repercussão geral”, asseverou Fux.
Segundo o artigo 50
da Lei das Contravenções Penais, estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar
público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele, é
contravenção penal sujeita à pena de prisão simples, de três meses a um ano, e
multa. Em 2015 uma nova lei (Lei 13.155/2015) atualizou o valor da multa – que
“de dois a 15 contos de réis” – para R$ 2 mil a R$ 200 mil para quem é
encontrado participando do jogo, ainda que pela internet ou por qualquer outro
meio de comunicação, como ponteiro ou apostador.
VP/FB
Processos relacionados
RE 966177 |
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=329938
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