DIREITOS POLÍTICOS - Condenado que passou em concurso só assume cargo depois de cumprir pena
Enquanto estiver cumprindo pena, o condenado fica privado de seus
direitos políticos. Por isso, ele não pode assumir cargo público. Com esse
entendimento, o Órgão Especial do Tribunal Superior do Trabalho negou
provimento a Recurso em Mandado de Segurança impetrado por um candidato
aprovado e nomeado em concurso para o cargo de segurança no Tribunal Regional
do Trabalho da 2ª Região (SP).
Preso e condenado em Ponta Porã (MS) pelo crime de tráfico de
entorpecentes, o candidato foi privado de seus direitos políticos até 3 de
janeiro de 2016, e, na data da posse, não atendia a requisito do edital do
concurso.
Nomeado em 13 de fevereiro de 2015, o candidato compareceu em 26 de
março de 2015 para os procedimentos relacionados à posse, quando foi constatado
pelos setores administrativos do TRT-2 que ele tinha sido condenado à pena de
dois anos e meio de reclusão, com sentença transitada em julgado (quando não
cabe mais recurso), encontrando-se em curso a execução da pena.
No MS, ele alegou que foi aprovado em todas as fases do concurso e que
apresentou os documentos solicitados, e requereu liminar para garantir a posse
ou, alternativamente, a anulação da nomeação para que pudesse tomar posse em
data posterior, afirmando que, a partir de 3 de janeiro de 2016, já estaria
extinta a sua punibilidade.
Com a ordem denegada pelo TRT-2, ele recorreu ao TST argumentando, que,
apesar da condenação criminal, manteve pleno gozo dos direitos políticos,
demonstrado pelas certidões de quitação perante a Justiça Eleitoral, que
demonstraram ter votado nas eleições de 2014. Afirmou ainda que, diante da
sentença extintiva da punibilidade, em 19 de setembro de 2015, apresentada por
ele ao TRT-2, não haveria obstáculos para a posse.
Por fim, reiterou o pedido de liminar e a reforma do acórdão regional
para que fosse reconhecido que não perdeu direitos políticos, determinando-se
sua investidura no cargo
Pena em curso
Ao relatar o recurso no Órgão Especial, o ministro Mauricio Godinho Delgado destacou que, apesar de o candidato ter demonstrado que em setembro de 2015 houve extinção de sua punibilidade, "foi exaustivamente informado nos autos, em diversos ofícios, que, no prazo legal previsto para a posse, o candidato ainda estava cumprindo a pena – sob os efeitos, portanto, da condenação criminal".
Ao relatar o recurso no Órgão Especial, o ministro Mauricio Godinho Delgado destacou que, apesar de o candidato ter demonstrado que em setembro de 2015 houve extinção de sua punibilidade, "foi exaustivamente informado nos autos, em diversos ofícios, que, no prazo legal previsto para a posse, o candidato ainda estava cumprindo a pena – sob os efeitos, portanto, da condenação criminal".
Essa circunstância, segundo o relator, atrai a incidência do artigo 15,
inciso III, da Constituição da República, que determina a suspensão dos
direitos políticos nos casos de condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos.
Mauricio Godinho salientou que a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal reconhece a legalidade de ser obstada a investidura de candidato em
cargo público em razão de condenação criminal, "desde que já transitada em
julgado, porque, nesses casos, não se cogita de afronta ao princípio da
presunção de inocência".
Assinalou também que Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da
União (Lei 8.112/90), em seu artigo 5º, inciso III, estabelece como requisitos
básicos para investidura em cargo público federal a necessidade de que o
candidato esteja no gozo dos direitos políticos. O edital do concurso, no mesmo
sentido, definiu as exigências para investidura na data da posse e as
consequências do não preenchimento dos requisitos pelo candidato.
Para o ministro, esses fundamentos
são suficientes para demonstrar que o ato pelo qual foi negada a posse não se
configura como abusivo ou ilegal para justificar o cabimento do mandado de
segurança. "O fato de, durante o prazo de vigência do concurso — mas
posteriormente ao prazo para a posse — ter advindo a extinção da
punibilidade não confere ao candidato o direito líquido e certo à posse, pois
não foi observado o disposto na Lei 8.112/90", acrescentou. A decisão foi
unânime. Com informações da Assessoria de Imprensa do TST.
http://www.conjur.com.br/2016-set-20/condenado-passou-concurso-assume-cargo-cumprir-pena
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