JUDICIÁRIO TECNOLÓGICO - Advocacia apoia intimação por WhatsApp, mas ainda há dúvidas quanto à segurança
11 de julho de 2016, 17h04
A intimação por WhatsApp começa a se tornar realidade no Judiciário
brasileiro. Trata-se de um meio muito barato e rápido para comunicação, mas levanta
dúvidas quanto à segurança jurídica: como saber se quem recebeu a mensagem é de
fato seu destinatário quando o sinal se resume a duas pequenas barras azuis?
Após um debate na sede da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil na quinta-feira (7/7), os argumentos a favor do uso do aplicativo se
mostraram em maior número.
Responsável pela inovação do uso do WhatsApp no Distrito Federal, a
juíza Fernanda Dias Xavier, do Juizado Especial Cível de Planaltina, foi
uma das convidadas para debater o tema. De acordo com a magistrada, das 900
intimações feitas por meio do aplicativo, 20 não obtiveram sucesso e houve
apenas uma reclamação de não recebimento. Esta ultima, de acordo com ela,
foi por erro de digitação na hora de cadastrar o número.
“Se nós formos observar o dia a dia da população, é muito mais fácil
encontrar alguém no celular do que em casa. É uma forma de atingir o objetivo,
de fazer uma comunicação chegar até a pessoa de forma muito mais célere do que
a carta AR ou mesmo do que o oficial de Justiça”, defendeu.
A juíza esclareceu ainda que a
intimação via aplicativo só é utilizada para as partes do processo e após
consulta, caso as partes tenham interesse nesse tipo de comunicação. O advogado
continua sendo notificado pelo Diário Oficial de Justiça. Além
disso, Fernanda ressaltou que o custo-benefício da proposta viabiliza ainda
mais o projeto. De acordo com ela, uma diligência por AR custa R$ 9,50 ao
Judiciário, o oficial de Justiça tem todo um gasto com deslocamento, enquanto
que pelo WhatsApp basta ter um smatphone ou computador
disponível.
Após consulta à Corregedoria da Justiça do DF, a juíza passou a utilizar
o recurso no Juizado Especial Cível de Planaltina, em outubro de 2015, como
projeto-piloto, com o propósito de aumentar a celeridade e promover mais
economia no custo do processo.
Caminho sem volta
O advogado Jorge Amaury, ex-conselheiro na OAB-DF e ex-diretor da Escola Superior de Advocacia da seccional (ESA-DF), lembrou que a tecnologia veio para ficar. “O caminho da vida do processo é o caminho eletrônico. A tendência é que seja cada vez mais eletrônico. Aqui ou ali irão aparecer problemas pontuais. Se houver um dado que impeça a comunicação por essa via ou porque alguém fraudou o sistema, não se preocupem, os juízes podem redefinir os prazos.”
O advogado Jorge Amaury, ex-conselheiro na OAB-DF e ex-diretor da Escola Superior de Advocacia da seccional (ESA-DF), lembrou que a tecnologia veio para ficar. “O caminho da vida do processo é o caminho eletrônico. A tendência é que seja cada vez mais eletrônico. Aqui ou ali irão aparecer problemas pontuais. Se houver um dado que impeça a comunicação por essa via ou porque alguém fraudou o sistema, não se preocupem, os juízes podem redefinir os prazos.”
Já o conselheiro e vice-presidente de Prerrogativas Fernando
Assis teme por possíveis problemas com segurança jurídica e o fato de não
serem ferramentas de domínio do Judiciário. “Como vamos fazer o controle e
fiscalização para termos plena tranquilidade para saber se está sendo cumprida
a boa e velha segurança jurídica? Como afirmar que aquele documento foi
recebido pela pessoa correta? Além disso, são sistemas que não estão adstritos
ao controle do Estado”, questionou Assis.
Alívio aos oficiais de Justiça
O presidente da Associação dos Oficiais de Justiça do DF, Gerardo Alves Lima Filho, lembrou a situação dos oficiais ante o crescimento do acesso da população à Justiça e relatou as preocupações da categoria com casos de violência. “Só este ano já foram 15 casos de agressões a oficiais de Justiça. Casos de cárcere privado, agressão física, desacato, roubo a mão armada e tudo mais que se imaginar. Além disso, o quadro de oficiais de Justiça é um quadro muito inferior à crescente demanda.”
O presidente da Associação dos Oficiais de Justiça do DF, Gerardo Alves Lima Filho, lembrou a situação dos oficiais ante o crescimento do acesso da população à Justiça e relatou as preocupações da categoria com casos de violência. “Só este ano já foram 15 casos de agressões a oficiais de Justiça. Casos de cárcere privado, agressão física, desacato, roubo a mão armada e tudo mais que se imaginar. Além disso, o quadro de oficiais de Justiça é um quadro muito inferior à crescente demanda.”
Nesse sentido, Gerardo Filho manifestou apoio à nova modalidade de
intimação. “Nós somos favoráveis a qualquer iniciativa que permita a redução
desse excesso de demanda que acaba ensejando riscos na atividade profissional.
Esse tipo de intimação vai tornar a atividade do oficial de Justiça muito mais
útil do que gastar o tempo precioso fazendo intimações simples como, por
exemplo, intimações por questões de trânsito.”
Dúvidas permanecem
O presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, ressaltou que mudanças costumam gerar insegurança. “Quando a gente vê, às vezes, a tecnologia ingressando na área de atuação profissional de alguém, normalmente costuma-se esperar uma reação negativa”, disse Costa Couto, que afirmou ter ficado surpreso com o posicionamento favorável do presidente da Associação dos Oficiais de Justiça.
O presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, ressaltou que mudanças costumam gerar insegurança. “Quando a gente vê, às vezes, a tecnologia ingressando na área de atuação profissional de alguém, normalmente costuma-se esperar uma reação negativa”, disse Costa Couto, que afirmou ter ficado surpreso com o posicionamento favorável do presidente da Associação dos Oficiais de Justiça.
A presidente da Comissão de
Tecnologia da Informática Hellen Falcão ressaltou que, apesar de ser
fã de tecnologia e acreditar na celeridade e economia de custos com a intimação
via WhatsApp, muitos receios ainda permeiam o tema. “Olhando como advogado,
aquele defensor da sociedade, se o requerido por acaso vier e colocar um não na
hora de optar pela modalidade de intimação, será que não poderá haver algum
juízo de valor suspeitando de que ele não quer ser intimado? Será que a juíza
vai me penalizar porque eu não quero receber intimação via WhatsApp?”,
questionou. Com informações da Assessoria de Imprensa da OAB-DF.
http://www.conjur.com.br/2016-jul-11/apesar-duvidas-advocacia-apoia-intimacao-partes-whatsapp
Comentários
Postar um comentário