BATATA QUENTE - Juíza de SP decide que Sergio Moro deve julgar denúncia contra Lula
A Justiça de São Paulo discordou do Ministério Público estadual e
decidiu que cabe ao juiz federal Sergio Fernando Moro analisar denúncia contra
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-primeira-dama Marisa Letícia e
outros acusados de irregularidades envolvendo uma cooperativa e a empreiteira
OAS.
A juíza Maria Priscilla Veiga Oliveira,
da 4ª Vara Criminal, considerou “inegável” o vínculo do caso que foi
distribuído a ela com a operação “lava jato” e apontou que parte dos crimes
apontados — declarações falsas à Receita Federal — envolve a União. Ainda
segundo ela, cabe a Moro decidir sobre o pedido de prisão preventiva contra
Lula, pois “não há urgência que justifique a análise por este juízo”.
Os promotores Cassio Conserino, Fernando Henrique Araújo e José Carlos
Blat afirmam que Lula, seu filho Fábio Luís Lula da Silva e Marisa Letícia
lavaram dinheiro ao ocultar a posse de um triplex em Guarujá (litoral
paulista), reformado pela OAS, o que seria apenas um “tentáculo” dentre
outras irregularidades envolvendo a construtora e a Cooperativa Habitacional
dos Bancários (Bancoop).
Dizem ainda que o ex-presidente cometeu falsidade ideológica ao “alterar
a verdade” em seu Imposto de Renda, declarando a propriedade de outro
apartamento que não lhe pertencia.
A juíza considerou que, como a acusação de falsidade ideológica tem
relação com a Receita Federal, a competência para processamento é da
Justiça Federal, conforme o artigo 109, I, da Constituição
Federal. “É entendimento majoritário de que a falsidade ideológica é
absorvida pelo delito da ordem tributária, justamente porque crime meio”,
afirmou.
Ainda segundo ela, o MP-SP em nenhum momento indicou por qual motivo
Lula teria sido beneficiado com o apartamento, enquanto o Ministério Público
Federal suspeita que o presente seja consequência de benefícios
obtidos por empreiteiras que cometeram fraudes na Petrobras, como investiga
a “lava jato”, com processos na 13ª Vara Federal de Curitiba.
“Tal conduta do ex-presidente — receber um imóvel e as melhorias feitas
com a reforma — podem configurar delito de corrupção passiva ou lavagem de
dinheiro, mas não há qualquer nexo a amparar a cisão pretensa das investigações
do MPF (...), até porque não houve demonstração, nem mesmo menção na peça
acusatória inicial, de que o ex-presidente tinha ciência dos estelionatos
perpetrados pelos denunciados no chamado ‘Núcleo Bancoop’ pelos promotores
denunciantes.”
Ponto de vista
Ao conceder entrevista sobre a denúncia, na última quinta-feira (10/3), o trio de promotores disse que em nenhum momento focou no que aconteceu dentro do triplex. “Trabalhamos no contexto de crimes absolutamente estaduais”, afirmou Cassio Conserino. Os promotores justificaram que a transferência de unidades da Bancoop para a OAS prejudicou pessoas que esperavam a casa própria.
Ao conceder entrevista sobre a denúncia, na última quinta-feira (10/3), o trio de promotores disse que em nenhum momento focou no que aconteceu dentro do triplex. “Trabalhamos no contexto de crimes absolutamente estaduais”, afirmou Cassio Conserino. Os promotores justificaram que a transferência de unidades da Bancoop para a OAS prejudicou pessoas que esperavam a casa própria.
Quando a empreiteira assumiu as obras, houve cooperados que foram
cobrados por valores não previstos inicialmente. A empreiteira também repartiu
empreendimentos, diminuindo o tamanho da área firmado em contrato, segundo o
MP-SP.
A juíza da 4ª Vara Criminal entendeu
que cabe a Moro desmembrar o processo caso considere que alguns dos
delitos imputados são de competência estadual. O promotor José Carlos Blat
disse à revista Consultor Jurídico que ele e os colegas ainda
vão definir se tomarão medida para reformar a decisão. Com
informações da assessoria de imprensa do TJ-SP.
* Texto atualizado às 16h30 do dia
14/3/2016 para acréscimo de informação
http://www.conjur.com.br/2016-mar-14/juiza-sp-decide-sergio-moro-julgar-denuncia-lula
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