Para Santacroce, crime organizado é o desafio do milênio
EVENTOS
“A
criminalidade organizada é o grande desafio do terceiro milênio.” A declaração
é do juiz Giorgio Santacroce, primeiro presidente da Corte de Cassação da
Itália, ao participar da abertura do Seminário Internacional de Combate
à Lavagem de Dinheiro e ao Crime Organizado na sede do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), na noite desta quarta-feira (2).
Além
de Santacroce, participaram da mesa da sessão de abertura os ministros
Francisco Falcão, presidente do STJ, e os ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) Ricardo Lewandowski, presidente, e Ayres Britto (aposentado), atual
presidente do Conselho Superior do Instituto Innovare. Estavam presentes ainda
ministros da corte, autoridades de outros órgãos e servidores.
Uma
das maiores autoridades do mundo em lavagem de dinheiro e organizações
criminosas, notabilizado pela atuação em importantes investigações contra a
máfia e o terrorismo, o magistrado italiano destacou que a criminalidade
organizada tira proveito do mundo globalizado para segmentar suas atividades em
diferentes legislações. Quanto maior o estado, assinalou, maior é a
possibilidade de corrupção, e apenas o Código Penal não é suficiente para
combater os crimes dessa natureza.
“A
criminalidade organizada não tem mais fronteiras e, por isso, os países
precisam trabalhar juntos no combate a essas associações. É preciso leis
específicas, a ação conjunta do estado e a conscientização de toda a sociedade.
Isso porque os custos do combate à corrupção são extremamente altos, e este é
um grande desafio para os especialistas”, destacou Santacroce.
Sistema exclusivo
O
magistrado ressaltou que a Convenção das Nações Unidas para o Crime Organizado
Transnacional, também conhecida como Convenção de Palermo, foi um grande passo
global no combate às organizações criminosas.
Aprovada
pela assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 15 de novembro
de 2000, a convenção é complementada por três protocolos que abordam áreas
específicas do crime organizado: Prevenção, repressão e punição do tráfico de
pessoas; Combate ao tráfico de migrantes por via terrestre, marítima e aérea; e
Fabricação e tráfico ilícito de armas de fogo, suas peças e componentes e
munições.
“A
legislação italiana buscou se adaptar tanto à Convenção de Palermo quanto à de
Viena para se alinhar à forma de combate de outros países. Foi preciso criar um
sistema penal exclusivo para as associações criminosas. Na Justiça italiana, o
acusado com indícios de ser integrante de organização tem um tratamento
diferenciado, sujeito a sanções mais severas do que os criminosos comuns”,
afirmou Santacroce.
Veneno e antídoto
Para
o presidente do STJ, a realização do seminário vai aprofundar a compreensão
sobre o modo de atuar dessa “criminalidade corruptora de instituições”.
“Ao
alçar novos patamares de compreensão, melhoram-se as ações preventivas e as
reações punitivas. A luta exige constante aprimoramento, porque o antídoto de
ontem é ineficaz diante do veneno de hoje”, disse Francisco Falcão.
O
ministro destacou também que a admiração pela experiência italiana é global,
tanto que a convenção das Nações Unidas contra o crime transnacional foi
firmada em Palermo.
“Expressamos
nosso tributo à grandeza civilizatória do aparato judicial italiano, que deu
vitória à democracia no enfrentamento da violência de motivação política e, no
passo seguinte, venceu o cancro da criminalidade”, elogiou.
Luta inadiável
O
ministro Lewandowski disse que o combate à lavagem de dinheiro e ao crime
organizado é necessário e inadiável, e só poderá ser travado com estrito
respeito ao processo legal, à ampla defesa e ao contraditório, com o
escrupuloso resguardo da honra, da privacidade e da intimidade dos
investigados.
“A
colaboração entre juristas, magistrados, membros do Ministério Público,
policiais e agentes monetários e fiscais, tanto no plano interno como externo,
constitui condição para o êxito do combate a esse verdadeiro flagelo moderno
que atinge todos os países indistintamente”, opinou o presidente do STF.
O
seminário continua durante toda esta quinta-feira (3), e os debates podem ser
acompanhados ao vivo pelo canal do STJ no YouTube,
a partir das 10h.
http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/noticias/noticias/Para-Santacroce,-crime-organizado-%C3%A9-o-desafio-do-mil%C3%AAnio
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