Juiz Sérgio Moro decreta nova prisão de empresário e condena encontro de ministro com advogado
Por Denis
Borat | quinta, 19 de fevereiro de 2015 - 11h32
Em decisão que
decretou nova prisão preventiva de presidente da UTC, juiz classificou como
“intolerável” e “reprovável” encontro de ministro da Justiça com advogado de
empresário
O juiz Sergio Moro, da Justiça
Federal do Paraná, decretou nova prisão preventiva de vários executivos de
empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato e, através dos autos,
classificou como “intolerável” e “reprovável” a reunião do ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, com o advogados dos diretores.
A revista Veja revelou que
Cardozo assumiu o papel de negociador com os empreiteiros envolvidos na Lava
Jato e recebeu o advogado Sérgio Renault, que defende a UTC, supostamente
dizendo que a operação tomaria outros rumos depois do Carnaval.
De acordo com Veja,
Cardozo ainda orientou a empreiteira a não aceitar acordo de delação
premiada – conselho seguido pelos executivos.
O juiz decretou nova prisão
preventiva do presidente da UTC, Ricardo Pessôa, do diretor vice-presidente da
Camargo Correa, Eduardo Leite, do diretor presidente da empresa, Dalton
Avancini, e do presidente do Conselho de Administração da companhia, João
Ricardo Auler.
“Existe o campo próprio da Justiça e
o campo próprio da política. Devem ser como óleo e água e jamais se misturarem.
A prisão cautelar dos dirigentes das empreiteiras deve ser discutida, nos
autos, perante as Cortes de Justiça. Intolerável, porém, que emissários dos
dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e
as decisões judiciais com autoridades políticas, em total desvirtuamento do
devido processo legal e com risco à integridade da Justiça e à aplicação
da lei penal”, ressaltou o magistrado na decisão.
“Mais estranho ainda é que participem
desses encontros políticos e advogados sem procuração nos autos das ações
penais. O ministro da Justiça não é o responsável pelas ações de investigações.
Trata-se de uma indevida, embora mal sucedida, tentativa dos acusados e das
empreiteiras de obter uma interferência política em seu favor no processo
judicial”, completou.
“A mera tentativa por parte dos
acusados e das empreiteiras de obter interferência política em seu favor no
processo judicial já é reprovável, assim como foram as aludidas tentativas de
cooptação de testemunhas, indicando mais uma vez a necessidade da
preventiva para garantir a instrução e a aplicação da lei penal e
preservar a integridade da Justiça contra a interferência do poder econômico”,
disse.
Em seu despacho, Sergio Moro disse
que as empreiteiras têm várias obras em andamento e podem estar replicando o
esquema do Petrolão em outras obras públicas. Para ele, “não é suficiente
afastar formalmente os acusados do comando das empresas, pois não há como
controlar ou prevenir a continuidade da interferência deles na gestão da
empresa ou dos contratos”.
Justiça Federal do Paraná:
5083376-05.2014.404.7000
Fato Notório
http://www.fatonotorio.com.br/noticias/juiz-sergio-moro-decreta-nova-prisao-de-empresario-e-condena-encontro-de-ministro-com-advogado/20063/
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