Judiciário poderá ter metas para a conciliação e combate à "litigância serial"
Presidentes dos tribunais de todo o País, reunidos no VIII Encontro Nacional do Poder Judiciário, deverão analisar
nesta terça-feira (11/11) duas propostas de metas nacionais voltadas para a
conciliação e o combate ao excesso de litigância. A informação foi divulgada no
início da tarde desta segunda-feira (10/11) pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, durante a abertura do encontro,
que está sendo realizado em Florianópolis (SC).
Uma das propostas consiste em incrementar a atuação dos Centros
Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs), instituídos
pelo CNJ em 2010 para a realização de audiências e sessões de conciliação
e mediação. A outra proposta prevê a priorização do julgamento dos processos de grandes litigantes e de demandas
repetitivas.
"Pretende-se, com isso, reduzir o acúmulo de processos
relativos à litigância serial e tomar medidas que revertam a cultura de
excessiva judicialização das relações
sociais e permitam
apenar a litigância protelatória", afirmou o ministro em seu discurso. As
duas metas, se aprovadas pelos presidentes dos 91 tribunais brasileiros na
plenária final do evento, deverão ser perseguidas pelo Judiciário no biênio
2015/2016.
Em seu discurso, Lewandowski destacou ainda a importância de medidas voltadas para a conciliação, diante do aumento crescente da litigiosidade "que congestiona o Poder Judiciário". Segundo o ministro, as ações direcionadas à autocomposição, como a conciliação e a mediação de conflitos, fazem parte do "núcleo duro" da política pública judiciária implementada pelo CNJ.
Entre as ações implementadas, o ministro destacou o Movimento pela Conciliação, criado em 2006, e a edição da Resolução no. 125, que institucionalizou a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesse e determinou a criação dos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos e dos CEJUSCs. "Note-se, por tudo isso, que o CNJ tem atuado como grande propulsor do movimento pela autocomposição no Brasil, reunindo o Poder Judiciário, os jurisdicionados e a sociedade em torno dos objetivos de fomentar uma cultura do diálogo e da pacificação social", afirmou.
A preocupação com a saúde de magistrados e servidores do Judiciário também será discutida durante o encontro, com a proposta de inclusão de uma diretriz estratégica nacional voltada para o tema.
O VIII Encontro Nacional do Poder Judiciário acontece nesta segunda (10/11) e terça-feira (11/11) e reúne presidentes e corregedores dos tribunais de todos os ramos do Judiciário brasileiro, além de representantes de associações de magistrados. Ao final do encontro, os presidentes dos tribunais definirão as metas a serem perseguidas pelo Judiciário no próximo biênio.
"A construção e manutenção do diálogo entre CNJ, tribunais
e conselhos, componentes da estrutura do Poder Judiciário, bem como com as
associações de magistrados e servidores, é fundamental para viabilizar o
compartilhamento de ideias e experiências. Além disso, é fator indispensável ao
sucesso de um planejamento estratégico o estabelecimento de metas que, embora
desafiadoras, sejam viáveis", afirmou o ministro Lewandowski. "É
preciso fixar objetivos compatíveis com o potencial dos órgãos envolvidos, mas
que demandem sempre a constante superação de seus limites", concluiu.
Acesse a íntegra do discurso
Em relação ao estabelecimento das metas, o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), desembargador Nelson Schaefer Martins, destacou, durante o seu discurso, que o encontro servirá para que os integrantes do Judiciário discutam a adoção de medidas concretas para garantir maior celeridade à Justiça, incentivar métodos alternativos de conciliação, aprimorar a Justiça criminal, e priorizar as ações coletivas.
Segundo ele, em 2013 cerca de 28 milhões de novos processos entraram na Justiça, o que dão conta da cultura de litigância que há no País e do protagonismo que deve ser assumido pelo Judiciário para melhor atender os cidadãos brasileiros. “Desejamos participar desse esforço em direção ao futuro da nação, compartilhamos o sonho de um Judiciário forte, unido, prestigiado, que possa colaborar com a construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária”, concluiu o presidente do TJ-SC.
Também participaram da abertura do evento os ministros Luís
Roberto Barros e Cármen Lúcia, do STF, o presidente do Superior Tribunal
de Justiça (STJ), ministro Francisco Falcão, a corregedora Nacional de Justiça,
ministra Nancy Andrighi, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o
presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus
Vinicius Furtado Coêlho e o presidente do TJ-SC, desembargador Nelson Schaefer
Martins, entre outras autoridades.
Fonte: CNJ
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=279461
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