Portabilidade bancária é ferramenta para evitar endividamento
REVISÃO DE CONTRATO
Por Carlos Henrique Abrão
O endividamento da família brasileira chega em torno de dez
salários mínimos e o sistema financeiro como um todo, capitaneado pelo Banco
Central, estuda regras e disciplinas para minimizar os graves problemas do
consumo.
E pensando nesse aspecto, inseriu-se em favor do consumidor a
portabilidade bancária, cujo significado principal se refere à concorrência e à
possibilidade, mediante custo zero, de mudar de banco.
As hipóteses são amplas, abrangem o crédito imobiliário,
consignado, financiamento de veículo, crédito pessoal e operações bancárias,
nas quais fica facultado ao consumidor a possibilidade de mudança.
A agência responsável terá o prazo de cinco dias úteis para
atender à solicitação e propiciar concorrência até chegar a um denominador
comum, mas é vedada qualquer compensação em pecúnia ao cliente.
Essa tipologia significa que ele não entrará num novo
endividamento para mudar de instituição financeira. Os recursos em conta,
fundos e demais aplicações, caso opte pela mudança, serão transferidos via
eletrônica para a nova instituição, livre de custo.
Em termos concretos, conforme o risco que representa e a redução
dos bancos pela concentração no país, poucas vantagens poderão ser
experimentadas, de spread ou taxa de juros, ou prazos mais
dilatados para o pagamento das prestações assumidas.
O Brasil não ostenta uma forte poupança interna, e o
artificialismo de uma classe consumidora tem seus dias contados por uma bolha
que se aproxima.
Comum verificar que a inflação pesa forte no bolso e, como a
maioria da classe assalariada, não tem uma remuneração suficiente à economia de
recursos, o cartão de crédito passa a ser o grande diferenciador, pois, na
questão prática, são utilizados muitos, conforme a data do vencimento e se,
eventualmente, o aderente cair no rotativo, quando não paga integralmente a
fatura, há um salto de qualidade nos juros capitalizados exigidos.
A política da redução dos juros não funcionou, a inflação
voltou, e o consumo caiu mais fortemente, tanto assim que as entidades esperam
um mercado menos animado para o próximo domingo dia das mães.
Não fizemos a lição de casa e o planejamento que fora adotado em
algum passado remoto deu pesados sinais de uma crise, sem data para ser
superada.
A estabilidade da moeda é fundamental e as metas devem ser
perseguidas.
A portabilidade bancária é uma ferramenta colocada à disposição
do consumidor para evitar o superendividamento ou romper com a ortodoxia de
alguns bancos, os quais não negociam ou dificultam ao máximo o diálogo no
encontro de uma solução prática.
Não é sem razão que a justiça brasileira está abarrotada de
ações de bancos, hoje, a grande maioria, de indenizações e revisão de
contratos, mas pouco nos anima saber que a portabilidade é apenas um paliativo
num macrocenário de indefinições à espera do pleito eleitoral.
A desestruturação do crescimento e um desenvolvimento micro
fizeram com que os investimentos fossem esvaziados, intervenções frequentes do
Governo enfraquecem a credibilidade e a política tributária agressiva para
compensação de perdas de benefícios fiscais e políticas sociais praticadas,
tudo isso tem, no final, uma conta salgada.
A verdadeira revolução do crédito consiste na sabedoria do seu
uso, e não em milagres de concessões de mão única e perdas de mão dupla, a
conscientização é fundamental e essencial para a maioria dos consumidores
brasileiros.
FONTE:
CONJUR
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